Porque a navalheira também tem direito ao verbo! Durante anos a fio encostada a um canto na zona dos mariscos e afins das grandes superfícies comerciais, viu a sua participação ser esmagada por este grande fenómeno nascido com a Revolução Industrial a que se chama de consumismo! Deixem-na exprimir-se! A navalheira quer falar do tudo e do nada! Da complexidade sócio-política actual e da cusquice paroquiana! Da música e da bola! De Deus e do Diabo! De tremoços e cerveja! Do jet-set e do povão!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Paredes de Coura - Toda a Verdade!!


Com um pouco de atraso, lá vou cumprir o que prometi: um relato acerca do que foi Paredes de Coura nesta edição de 2007, ou pelo menos o que para mim foi a verdade...

No sábado da véspera da abertura do festival, o meu companheiro de aventuras e eu rumamos tal como peregrinos em direcção a Santiago de Compostela, mas de carro e, claro, em direcção a Paredes de Coura, para armar o barraco num lugar à sombra, com receio que no domingo já não houvesse lugar nenhum à sombra... Bem, de muito a peregrinação não adiantou porque arranjamos mas foi "um lugar ao Sol", o que também não é mau de todo, porque uma saunazinha de vez em quando também é precisa!

No dia seguinte, depois de bem almoçados e com as tralhas já metidas no carro, com tanta coisa lá dentro que mais parecia que íamos para uma expedição nos Himalaias partimos para o que iria ser o 1º dia do Festival, dando boleia também a um espécime loiro para aquelas bandas que até sabe falar e , pasmem-se, também pensa!

Chegados a Paredes de Coura, deparamo-nos com tamanha diversão logo à entrada do parque de campismo que até a Cruz Vermelha se tinha juntado à festarola, levando gente a dar umas voltinhas deitados na maca dentro da ambulância!

Enquanto arrumavamos os nossos pertences dentro das tendas, também me deparei com uma situação deveras interessante: havia muita gente que aproveitava umas folhas estranhas que mais pareciam folhas de plátano mas em tamanho reduzido, enrolando-as nuns papéis brancos e depois fumavam essas mesmas folhas enroladas ficando com uma disposição efectivamente boa!

Depois de todas estas aventuras, fomos até à festa de recepção ao campista ver uns moços estrangeiros, pelos vistos de origens magiares, cantarem música cigana e mariachi. Foi logo aí, durante esse concerto, que constatei que as pessoas de Paredes de Coura são muito trabalhadoras, pois havia fábricas a trabalhar no domingo à noite, tal era a quantidade de fumo que pairava sobre mim com um cheiro, que até se poderia dizer agradável e que punha as pessoas com uma alegria contagiante!

Na 2ª feira, depois do banho revigorante nos chuveiros comuns do campismo, e depois de uma volta pela vila, fomos ver os concertos para o palco secundário, onde, pela 2ª vez, vi os Slimmy, uma banda engraçadinha, que tem como vocalista um gigante de um metro e noventa e muitos centímetros de altura. Sinceramente, já vi mulheres mais másculas do que ele... A minha aventura pelos concertos acabou por aí, continuando mais tarde na tenda, a partir das 19h30 com uma dôr de cabeça daquelas em que apetece pegar numa caçadeira e fazer paté de miolos, a ver se a dôr abranda! A verdade é que não vi mais nenhum concerto, demorei pelo menos 4 horas a adormecer e acordei por volta das 8h da manhã do dia seguinte como novo!

3ª feira foi o grande dia! O dia em que não me doía a cabeça nem estava cansado! O dia em que vi concertos! O dia em que vi Gogol Bordello! O dia em que eu e outro companheiro meu falamos com mais de metade do Festival! O dia em que um reformado marcou 2(!!) golos ao FC Copenhaga!

Depois de ver os enormes Gogol Bordello em palco, os reis do punk cigano, foi horinha de começar a pregar umas secas a tudo o que mexia no recinto do Festival! O pior é que eu tenho um amigo que "sempre foi coiso mas às vezes fica assim", e tinha de dizer a toda gente com quem ele falava isso para não levarem muito a mal.

Um senhor da Cruz Vermelha de Viana do Castelo não ficou muito convencido de que ele sempre foi coiso mas que às vezes ficava assim e decidiu contar-nos a história da adolescência dele e de como ele se embebedava e fumava os seus charutos! Foi aí que me caiu tudo porque descobri que aquela fumaça toda que pairava no recinto não era de nenhuma fábrica, mas sim de muitos meninos que também fumam os seus charutos com as tais folhas de plátano reduzidas de que falei mais em cima, entre outras coisas que fumavam, descobrindo também por acréscimo que tudo isso que eles faziam estava errado e que se os senhores polícias vissem, eram capazes de ficar aborrecidos...

Outro senhor a quem tive de explicar que o meu amigo sempre foi coiso mas às vezes ficava assim, foi a um dos senhores empregados do Kentucky Fried Chicken, que, segundo esse meu mesmo companheiro, não era muito honesto porque nos estavam a chular lá com o negócio dos frangos em hamburgueres e sandes (este capitalismo selvagem...)

Depois disso ainda tive tempo de fazer birra com uma menina porque ela insistia que eu estava bêbedo mas, quem me conhece sabe que eu não sou rapazinho para isso. Mas no fim, tal e qual Cristo, perdoei-a e ela seguiu o seu caminho na paz do Senhor!

Apesar de toda esta agitação, não chegamos a ir ao after hours porque o meu amigo que sempre-foi-coiso-mas-que-por-vezes-fica-assim bebeu um sumo de limão que o pôs mal disposto e fomos todos para as tendas fazer o soninho revigorante que também faz bem!

No útlimo dia fiz descobertas muito interessantes! Durante o concerto dos Sunshine Underground descobri que sou conhecido em cidades que não são a minha, já que fui abordado por pessoas que diziam que me conheciam de certos sítios... Também vim a descobrir que o facto de usar calças largas não favorece muito o meu look, principalmente porque ficam à mostra os meus boxers que, pelos vistos, são um pouco demodées...

E pronto, este foi o relato de Paredes de Coura, com as aventuras(???) contadas por alto...

P.S: Prometo que vou tentar com que a minha vida seja mais divertida para poder escrever coisas interessantes...

1 comentário:

thumbelina disse...

Acho que "um espécime loiro" sou eu! e ainda bem que penso! :P
ai que saudadinhas de Paredes de Coura!