

Terça-feira, 4 de Dezembro. Chega um amigo conhecido no movimento associativo nacional do Porto para Braga para trabalhar em assuntos relacionados com o associativismo.
Claro que o homem não podia deixar de vir a Braga sem conhecer as maravilhas que a bela noite académica minhota tem para apresentar!
E realmente foi o que aconteceu! Estando toda a gente a confraternizar no Bar Académico desta bela academia, decidem todos vir embora porque já estavam a pedir caminha há algumas dezenas de minutos. No entanto, eu e o meu amigo decidimos ficar mais um pouco porque o rapaz tinha bebido uma coisa estragada à refeição e andava a percorrer o B.A. todo à procura de um remédiozinho qualquer que lhe aliviasse o sofrimento. Como as várias dezenas de pessoas com quem ele falou não tinham qualquer espécie de remédio para lhe aliviar o sofrimento, decidi eu comprar-lhe uma garrafa de água e um pacotezinho de açúcar que, diz, pode fazer maravilhas a quem se econtra com a doença que ele tinha essa noite.
Depois disto fizemo-nos ao caminho até à casa de um outro amigo nosso onde iríamos pernoitar, encontrando as ruas totalmente vazias. Tão vazias que o meu amigo decide projectar a garrafa de água para o ar, caíndo praticamente nas costas de dois transeuntes que passeavam calmamente na rua, tendo um eles tanto frio que até tinha o rosto tapado com um cachecol e o capuz enfiado na cabeça!
Os senhores não ficaram agradados com o som da garrafa que lhes caíu atrás das costas, de tal maneira que nos vieram tirar satisfações!
-QUE P*** DE M**** É ESTA?- diz um dos senhores amávelmente.
-Ah e tal, desculpa que o meu amigo tá doente, deixa-o lá coitado...- respondi eu
-Só queremos conversar- diz um deles, abraçando fraternamente o meu amigo. Desta forma , eu respondi-lhe:
- Ah, se é só pra conversar tudo bem! Eu até gosto de dar duas de tretas com desconhecidos com tão bom aspecto como os senhores a estas horas de madrugada!
Um deles era tão simpático que fez questão de se colocar ao meu lado e mostra-me uma navalha, com uns bons centímetros de fio e agita-ma à beira da minha goela e em frente aos meus olhos.
Mas eu respondi-lhe:
-Não te chateies com isso, eu como as maçãs com casca, não costumo usar navalhas para as descascar! Lavo-as com um produto novo que há pra tirar a bicharada toda dos legumes e como a casquinha toda que tem muita vitamina!
O senhor, que era parco em palavras mas tinha atitudes muito dignas, recolheu de novo a navalha e seguiu o seu caminho connosco.
Depois eles insistiram em acompanhar-nos até mais à frente e, numa passagem aérea, o senhor parco em palavras, falou! E nessas poucas palavras pediu-me algum dinheiro emprestado e também o telemóvel para fazer umas chamadas! Eu disse-lhe que emprestava, mas que precisava disso tudo o mais rápido possível, ao que ele me respondeu que 2ª feira me devolvia tudo. Nisto eu respondo:
-Ah, se é para emprestar só até 2ª, tudo muito bem. Então 2ª feira encontramo-nos todos à mesma hora e dás-me as coisas!
Os senhores lá seguiram o seu caminho rumo a um bairro social que existia ali por perto e nós seguimos alegremente até à zona da Universidade, eu contente por ter sido simpático para os senhores e o meu amigo ainda agastado por causa do sofrimento que a coisa estragada que ele tinha bebido lhe estava a causar!
E assim se desenrola o quotidiano de um estudante universitário em Braga!